Valor vs. Dor: O que Benjamin Franklin e o Seguro nos Ensinam Sobre Vendas

Julia Konofal
Julia Konofal
4 minutos de leitura

Você já parou para pensar por que algumas vendas parecem tão naturais, enquanto outras enfrentam tanta resistência? Uma das chaves para entender isso está na diferença entre falar de preço e falar de valor — especialmente quando se trata de produtos ligados à proteção, como planos de saúde, seguros e garantias.

A história de hoje gira em torno de Benjamin Franklin, um dos pioneiros em usar essa lógica para transformar a forma como as pessoas se protegiam dos riscos. A partir disso, surgiram conceitos que moldaram a forma como vendemos até hoje. Mas não se trata só de história: há lições muito práticas aqui para quem está começando na arte da venda.

O nascimento do seguro como solução real

Benjamin Franklin observou um problema concreto: casas estavam pegando fogo, e as pessoas não tinham como recomeçar depois da perda. Ele propôs uma solução: cada um contribuir com um pequeno valor mensal para formar um fundo comum. Se a casa de alguém fosse destruída, esse fundo ajudaria na reconstrução.

Assim nasceu a ideia moderna de seguro, baseada em antecipar um problema e oferecer proteção com base no valor percebido da solução.

Seguro não é sobre preço, é sobre proteção

Quando alguém oferece um plano de saúde, por exemplo, muitos recusam por achar caro. Mas será que realmente estão recusando o valor ou apenas reagindo ao preço mal apresentado?

O erro mais comum ao vender algo assim é começar pela mensalidade. Dizer que o plano custa R$50,00 por mês não é suficiente para convencer. O segredo é apresentar o que está por trás desse valor: conforto, segurança, tempo com a família, acesso a tratamento rápido, economia com transporte, entre outros benefícios.

Dica prática:
Antes de falar de preço, mostre o que a pessoa perde por não ter a solução. Depois, mostre o que ela ganha ao adotar essa solução. Isso muda completamente a percepção de valor.

O gatilho: valor versus dor

O verdadeiro vendedor entende que as pessoas compram para evitar uma dor ou conquistar um benefício. É exatamente isso que diferencia uma simples proposta de uma venda estratégica.

No exemplo apresentado, o senhor Zé é alguém comum, com problemas de saúde e pouco tempo. Se ele pensar apenas no custo do plano, talvez não aceite. Mas ao visualizar a economia de tempo, a praticidade, o conforto e a segurança, o valor se torna evidente.

Dica prática:
Identifique a “dor” do cliente. Depois, mostre como o produto ou serviço resolve essa dor. Essa técnica é válida para qualquer segmento: de planos de saúde a carros e eletrodomésticos.

Escute antes de oferecer

Outro erro comum de quem está começando em vendas é falar demais e escutar de menos. Muitas vezes, o cliente diz exatamente o que precisa — mas o vendedor não percebe, porque está ocupado listando características do produto.

Vender um carro para alguém que precisa transportar a família, por exemplo, não deve começar por potência do motor ou tipo de combustível. O ideal é destacar os cinco lugares, o conforto, o ar-condicionado, o espaço para as crianças e a segurança.

Dica prática:
Ouça com atenção. O cliente sempre revela pistas sobre o que valoriza. Personalize a conversa com base nisso e evite discursos prontos.

Humanize a venda

Um dos pontos mais fortes na abordagem apresentada é a empatia com o cliente. Perguntar se ele tem netos, se sente dor, se enfrenta dificuldades no posto de saúde — tudo isso cria conexão.

Vendas não são apenas transações. São relações humanas baseadas em confiança. E quando o cliente sente que está sendo ouvido e compreendido, ele se abre para considerar a proposta com outros olhos.

Dica prática:
Seja autêntico. Demonstre real interesse na situação do cliente. As pessoas percebem quando alguém está vendendo apenas por obrigação ou por comissão.

Venda é resolver problemas (e mostrar isso com clareza)

Um plano de saúde, afinal, não é apenas um serviço. Na prática, ele resolve uma série de problemas: espera em fila, deslocamento cansativo, falta de médicos disponíveis, dificuldade para conseguir receitas, entre outros.

Desse modo, ao mostrar de forma concreta os problemas que o produto resolve, você deixa de competir por preço e passa, consequentemente, a competir por valor percebido.

Dica prática:
Monte uma lista:
✔ O que o cliente perde sem o produto?
✔ O que ele ganha com o produto?
Use essas respostas para montar o seu argumento.

A origem das empresas de venda

Quando Benjamin Franklin criou o conceito de seguro, ele estava, acima de tudo, pensando nas pessoas — nas dores reais que enfrentavam e no valor de oferecer proteção. Além disso, ele criou um modelo que, futuramente, serviria de base para milhares de empresas que hoje vendem soluções voltadas a riscos e necessidades.

Vender seguros, planos, garantias ou até mesmo aparelhos e serviços, portanto, exige essa mesma sensibilidade: o foco não é o produto, mas sim o impacto que ele tem na vida do cliente.

Não vendo seguros… e agora?

Talvez você não venda seguros, mas as técnicas são as mesmas. Você vende um celular? Então pense: que problema ele resolve? Falta de conexão com a família? Dificuldade de estudar ou trabalhar remotamente?

Você vende roupas? Então pense: a pessoa quer apenas tecido ou quer se sentir bonita, confiante, bem-vestida em uma ocasião importante?

Dica prática:
Independentemente do que você vende, identifique qual problema está sendo resolvido. Isso vai te ajudar a estruturar melhor sua abordagem.

Conclusão: venda não é sobre produto, é sobre valor

O que a história de Benjamin Franklin e do senhor Zé nos ensina é simples, mas poderoso: vendas bem feitas partem de escuta, empatia e valorização da solução. Quando você entende o que o cliente precisa e mostra com clareza como pode ajudá-lo, a objeção de preço diminui — e a chance de conversão aumenta.

Essa é a base de toda boa venda: mostrar que o custo é pequeno diante do benefício. E isso serve para qualquer produto, serviço ou área.


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