Os princípios fundamentais do Estado Brasileiro estão estabelecidos no artigo 1º da Constituição Federal de 1988 e são essenciais para a compreensão do funcionamento da nossa estrutura estatal e da relação entre cidadania, direitos fundamentais e tributação. Dessa forma, este artigo busca esclarecer a evolução histórica dos direitos fundamentais e como eles moldaram a atuação do Estado ao longo do tempo, além de demonstrar como a tributação se tornou essencial para garantir esses direitos.
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A Evolução Histórica dos Direitos Fundamentais
A história das Constituições e dos direitos humanos pode ser dividida em três fases principais:
- Fase da Liberdade: Inicialmente, essa fase foi marcada pela luta contra a opressão monárquica, como observado nas revoluções liberais. Os indivíduos passaram a exigir liberdade do controle estatal. No entanto, essa liberdade irrestrita resultou em desigualdade social extrema, pois não havia mecanismos de assistência e proteção social. Nesse período, as Constituições adotavam um caráter mais liberal, limitando a atuação do Estado na economia. O princípio da não intervenção governamental predominava, favorecendo setores empresariais e dificultando a implementação de políticas públicas.
- Fase da Igualdade: Posteriormente, com o avanço da Revolução Industrial e os horrores da Segunda Guerra Mundial, surgiu a necessidade de um Estado mais atuante. Assim, o Estado passou a intervir mais ativamente para garantir direitos sociais e reduzir as desigualdades. No entanto, o inchaço do Estado e a falta de recursos tornaram esse modelo insustentável. Esse modelo ganhou força na Constituição de 1988, que incluiu direitos fundamentais como saúde, educação e previdência social. O Estado passou a garantir políticas públicas voltadas para inclusão social.
- Fase da Fraternidade: Atualmente, busca-se um equilíbrio entre liberdade e igualdade, resultando na valorização dos direitos coletivos e difusos, como a proteção ambiental e a regulação econômica. O Estado reconhece suas limitações e passa a delegar algumas funções ao setor privado, como ocorre nas parcerias público-privadas (PPPs) e concessões de serviços públicos. A globalização fortaleceu a necessidade de cooperação entre países para garantir a estabilidade econômica e social, levando à criação de blocos econômicos como o Mercosul e a União Europeia.
Princípios Fundamentais do Estado Brasileiro
O artigo 1º da Constituição Federal estabelece os fundamentos da República Federativa do Brasil:
- Soberania: O Brasil possui autonomia política e econômica.
- Exemplo prático: A decisão do Brasil de aderir ou não a tratados internacionais, como o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, reflete sua soberania.
- A soberania também se manifesta na política econômica, como na decisão do Banco Central de definir a taxa de juros e regular a inflação.
- Cidadania: O direito de participar da vida política e social do país.
- Exemplo prático: O voto obrigatório no Brasil assegura a participação cidadã na escolha dos governantes.
- Além do voto, a cidadania envolve o direito de acesso à informação e participação em audiências públicas sobre temas de interesse coletivo.
- Dignidade da Pessoa Humana: Garantia de condições mínimas de existência digna.
- Exemplo prático: Programas como o Bolsa Família ajudam famílias de baixa renda a terem acesso à alimentação e educação.
- Esse princípio também fundamenta decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação a direitos fundamentais, como o acesso a medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
- Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa: Equilíbrio entre a proteção ao trabalhador e a liberdade econômica.
- Exemplo prático: A Lei da Liberdade Econômica (Lei nº 13.874/2019) reduziu a burocracia para pequenos empreendedores.
- Além da legislação, esse princípio norteia políticas públicas de incentivo ao microempreendedorismo e à formalização de trabalhadores informais.
- Pluralismo Político: Garantia da diversidade de opiniões e representação política.
- Exemplo prático: A existência de vários partidos políticos no Brasil permite a representação de diferentes setores da sociedade.
- O pluralismo político fortalece a democracia ao permitir que minorias tenham voz no Congresso Nacional e nos debates políticos.
Dessa maneira, esses fundamentos orientam a atuação do Estado e sua relação com a sociedade.
Tributação e o Financiamento do Estado
Para garantir esses princípios e oferecer serviços públicos essenciais, o Estado precisa de recursos financeiros. Nesse sentido, a principal fonte desses recursos é a tributação.
A tributação está diretamente ligada à garantia da cidadania e da dignidade da pessoa humana, pois financia programas sociais, saúde, educação e infraestrutura. Além disso, um orçamento bem estruturado permite a distribuição equitativa dos recursos, promovendo inclusão social e redução das desigualdades.
- Exemplo prático: O Sistema Único de Saúde (SUS) é mantido por impostos, garantindo atendimento gratuito à população.
- Exemplo prático: O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) utiliza tributos para melhorar a qualidade da educação pública.
- Além dos tributos diretos e indiretos, o Brasil possui um sistema de arrecadação baseado em impostos como o ICMS, ISS, IPVA e Imposto de Renda, cada um com finalidades específicas.
Conclusão
Diante do exposto, percebe-se que os princípios fundamentais do Estado brasileiro e a tributação são elementos inseparáveis. Enquanto os princípios garantem direitos e organizam o funcionamento do Estado, a tributação é o instrumento financeiro que viabiliza essas garantias.
Além disso, compreender a estrutura tributária é essencial para que os cidadãos possam cobrar uma melhor aplicação dos recursos arrecadados e exercer seu papel na fiscalização do orçamento público. Assim, a educação tributária e a transparência governamental são fundamentais para o fortalecimento da democracia e para a construção de um país mais justo e equilibrado.