O orçamento público é, sem dúvida, uma ferramenta essencial para a gestão dos recursos públicos, pois garante que as receitas e despesas sejam planejadas e realizadas de forma eficiente e transparente. Portanto, neste artigo, vamos explorar os principais princípios do orçamento público, que são fundamentais não apenas para compreender como ele se estrutura, mas também para entender como se gere no Brasil.
O que é o Orçamento Público?
O orçamento público é, em primeiro lugar , um instrumento legal que detalha as receitas e despesas de um governo em determinado período, geralmente um ano. Por essa razão, ele é essencial para garantir que os recursos sejam utilizados de forma planejada, eficiente e responsável. Além disso, o orçamento serve como base para a implementação de políticas públicas que promovam o desenvolvimento econômico e social, além de atender às demandas da população.
No contexto brasileiro, a elaboração do orçamento público segue as normas estabelecidas pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Nesse sentido, esse processo envolve diversas etapas, como a elaboração, aprovação, execução e controle, todas monitoradas por diferentes órgãos. Dessa forma, garante-se a transparência e a responsabilidade na administração dos recursos.
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Princípios Fundamentais do Orçamento
Os princípios orçamentários são diretrizes fundamentais que garantem a correta formulação e execução do orçamento público. Assim, eles garantiram a transparência, a eficiência e o equilíbrio na gestão dos recursos públicos. A seguir, vamos conhecer cada um deles mais detalhadamente:
1. Princípio da Unidade
Este princípio estabelece que cada unidade federativa deve ter apenas um único orçamento. Isso significa que:
- Cada município, estado e a União possuem orçamentos independentes.
- A responsabilidade pela elaboração do orçamento cabe exclusivamente à entidade respectiva. Por exemplo, a União não pode elaborar o orçamento de um município.
- Essa abordagem evita a duplicidade de informações e promove uma gestão mais clara e objetiva.
2. Princípio da Universalidade
O orçamento deve contemplar todas as receitas e despesas, garantindo que não haja exclusão de informações relevantes. Isso é possível desse modo:
- Obter uma visão abrangente das finanças públicas, o que possibilita uma análise completa das ações governamentais.
- Assegurar maior controle e fiscalização sobre os recursos arrecadados e gastos pelo governo.
- Além disso, evita-se a omissão de receitas ou despesas que possam comprometer a transparência e a eficácia do planejamento.
3. Princípio do Orçamento Bruto
O princípio do orçamento bruto determina que se apresentem todas as receitas e despesas em valores totais, sem deduções. Assim:
- Os valores devem ser declarados de forma completa e exata.
- Estimativas aproximadas são evitadas para garantir maior clareza e precisão.
- Esse princípio reforça a transparência no uso dos recursos públicos, permitindo que a sociedade compreenda de forma clara como o dinheiro está sendo gerido.
4. Princípio da Anualidade
O orçamento é elaborado para um período de um ano. Isso:
- Facilita o controle e a fiscalização das finanças públicas.
- Permite revisões e ajustes anuais de acordo com as necessidades da administração.
- Garante que as ações planejadas estejam alinhadas com as prioridades de curto prazo do governo.
- A vigência anual do orçamento é essencial para adequá-lo às mudanças econômicas e sociais.
5. Princípio da Discriminação
As receitas e despesas deverão ser previstas. Portanto, não basta informar valores globais, ao contrário, é necessário especificar:
- Onde o dinheiro será investido (educação, saúde, cultura etc.).
- Porque cada valor foi destinado a uma área específica.
Dessa forma, essa discriminação detalhada possibilita maior controle social e fiscal, além de auxiliar na tomada de decisões por parte dos gestores públicos.
6. Princípio do Equilíbrio
Deve haver um equilíbrio das receitas e despesas, ou seja:
- Não se pode alocar recursos de forma desproporcional a uma única área.
- O planejamento deve prever o pagamento de todas as obrigações financeiras.
- Esse princípio é essencial para evitar déficits orçamentários que possam comprometer a estabilidade econômica.
7. Princípios Complementares
Além dos princípios citados, outros são igualmente importantes para garantir a eficácia do orçamento público:
- Clareza: As informações devem ser acessíveis e compreensíveis para todos.
- Publicidade: O orçamento deve ser público, permitindo acesso por qualquer cidadão.
- Exclusividade: O orçamento deve conter apenas matérias relacionadas a receitas e despesas públicas, evitando temas não correlatos.
Instrumentos de Planejamento Orçamentário
Os instrumentos de planejamento orçamentário são fundamentais para a organização e execução das políticas públicas. No Brasil, destacam-se:
Plano Plurianual (PPA)
- O que é: Planejamento de longo prazo que define diretrizes, objetivos e metas para um período de quatro anos.
- Finalidade: Organizar as ações governamentais e garantir continuidade administrativa.
- O PPA é essencial para assegurar que os projetos de governo tenham continuidade, mesmo com mudanças de gestão.
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
- O que é: Estabelece as prioridades e metas anuais do governo.
- Finalidade: Fornecer diretrizes para a elaboração do orçamento anual.
- A LDO também orienta a execução do orçamento, alinhando-o às prioridades definidas pelo PPA.
Lei Orçamentária Anual (LOA)
- O que é: Define as receitas e despesas para o exercício financeiro de um ano.
- Finalidade: Determinar como os recursos serão arrecadados e aplicados.
- A LOA é o instrumento mais detalhado e prático para a execução do orçamento público.
Cronograma de Desembolso
- O que é: Programação financeira mensal para execução do orçamento.
- Finalidade: Garantir previsibilidade nos pagamentos e desembolsos.
- Esse cronograma é crucial para evitar atrasos nos pagamentos e assegurar o bom funcionamento dos serviços públicos.
Classificação do Orçamento
A classificação do orçamento permite uma organização detalhada e funcional das receitas e despesas. As principais categorias são:
1. Classificação Institucional
Identifica:
- A unidade administrativa responsável pela execução da despesa.
- Os órgãos que receberam e geriram os recursos.
- Essa classificação facilita a análise de desempenho das entidades públicas.
2. Classificação Funcional
Define:
- As funções a serem abarcadas pelo orçamento (saúde, educação, cultura etc.).
- A destinação dos recursos para cada área.
- Esse modelo assegura que os recursos sejam alocados de acordo com as prioridades da sociedade.
3. Classificação Programática
Demonstra:
- O planejamento das ações do governo.
- A execução de políticas públicas com base no orçamento.
- Essa classificação evidencia a relação entre os objetivos estratégicos e os recursos disponíveis.
Conclusão
O orçamento público é uma ferramenta complexa, mas essencial para a gestão responsável dos recursos. Compreender seus princípios e instrumentos é extremamente fundamental para fiscalizar, planejar e executar políticas públicas que atendam às necessidades da população. Além disso, a transparência e a participação social são pilares indispensáveis para que o orçamento seja, de fato, um instrumento eficaz na promoção do bem-estar coletivo.
Por isso, é importante que a sociedade esteja atenta e participativa no processo orçamentário. Além disso, acompanhar o planejamento, a execução e a fiscalização do orçamento público é um direito e um dever de todos os cidadãos, contribuindo para uma gestão pública mais justa e eficiente.