Ligações Iônicas: o que são, como se formam e dicas práticas

Julia Konofal
Julia Konofal
4 minutos de leitura

Você já parou para pensar por que certos átomos “se juntam” para formar substâncias? Ou por que o sal de cozinha, o famoso NaCl, é formado por sódio e cloro? A resposta está nas ligações químicas, em especial nas ligações iônicas, tema essencial para quem está começando no estudo da Química.

Neste artigo, você vai entender o que são as ligações iônicas, como se formam, quais elementos participam desse processo e, claro, receber dicas práticas para não errar nas provas.

Por que os átomos se ligam?

Antes de tudo, é importante saber que os átomos, de forma geral, não querem ficar “sozinhos”. Eles buscam atingir a estabilidade química, ou seja, uma configuração em que sua camada de valência (a última camada de elétrons) esteja completa.

Nesse contexto, vale destacar que os únicos átomos naturalmente estáveis são os gases nobres, localizados na família 8A da Tabela Periódica. Esses elementos possuem exatamente 8 elétrons na camada de valência (com exceção do hélio, que possui 2) e, por isso, dificilmente reagem com outros elementos.

Por outro lado, os demais elementos precisam ganhar, perder ou compartilhar elétrons para alcançar essa estabilidade. É justamente nesse processo que surgem as diferentes ligações químicas, sendo a ligação iônica uma das mais comuns e importantes.

Regra do Octeto: o caminho para a estabilidade

Para entender melhor esse processo, é fundamental conhecer a Regra do Octeto, formulada por Lewis e Kossel. De acordo com essa regra, os átomos tendem a adquirir a configuração eletrônica semelhante à dos gases nobres, ou seja, oito elétrons na camada de valência.

De maneira geral:

  • Elementos com poucos elétrons (1, 2 ou 3) tendem a doar esses elétrons.
  • Elementos com muitos elétrons (5, 6 ou 7) tendem a receber elétrons.
  • Já os elementos com 4 elétrons podem compartilhar, formando outro tipo de ligação (a covalente, que veremos em outro artigo).

O que é uma ligação iônica?

A ligação iônica ocorre quando há uma transferência de elétrons entre dois átomos: um doa, o outro recebe. Como consequência, formam-se íons com cargas opostas:

  • Cátion → átomo que perdeu elétron(es), ficando com carga positiva.
  • Ânion → átomo que ganhou elétron(es), ficando com carga negativa.

Em seguida, essas cargas opostas se atraem fortemente, dando origem a uma ligação iônica.

Características das ligações iônicas

Agora que você já entende o conceito básico, vamos analisar as principais características desse tipo de ligação:

  • Em primeiro lugar, elas ocorrem entre metais (grupos 1A, 2A, 3A) e não-metais (grupos 5A, 6A, 7A).
  • Além disso, os elementos envolvidos apresentam grande diferença de eletronegatividade.
  • Os compostos iônicos têm, como característica marcante, altos pontos de fusão e ebulição.
  • No estado sólido, não conduzem eletricidade, mas quando dissolvidos em água ou fundidos, conduzem corrente elétrica.
  • Por fim, formam estruturas organizadas chamadas de rede iônica, que conferem solidez e estabilidade ao composto.

Exemplo clássico: Sódio (Na) e Cloro (Cl)

Para ilustrar, vamos analisar o exemplo do cloreto de sódio (NaCl), ou seja, o sal de cozinha.

  • O sódio (Na) possui 1 elétron na camada de valência.
  • O cloro (Cl) possui 7 elétrons na camada de valência.

Nesse caso, o sódio doa seu único elétron para o cloro. Assim:

  • O sódio transforma-se em Na⁺ (cátion).
  • O cloro transforma-se em Cl⁻ (ânion).

Como resultado, ocorre a atração entre os íons:

Na⁺ + Cl⁻ → NaCl

Esse processo se repete com milhões de átomos ao mesmo tempo, formando uma rede iônica cristalina, que explica o aspecto sólido e granulado do sal.

Outro exemplo: Cálcio (Ca) e Flúor (F)

Outro bom exemplo é a reação entre cálcio e flúor.

  • O cálcio (Ca) possui 2 elétrons na última camada.
  • O flúor (F), por sua vez, precisa ganhar 1 elétron para se estabilizar.

Sendo assim, o cálcio doa 1 elétron para cada átomo de flúor, formando:

  • 1 cátion Ca²⁺
  • 2 ânions F⁻

Logo, o composto formado será: CaF₂ (fluoreto de cálcio).

Esse exemplo mostra a importância de equilibrar as cargas dos íons ao montar a fórmula dos compostos iônicos.

Como saber quem doa e quem recebe?

Nesse ponto, surge uma dúvida comum entre os estudantes: como identificar quem doa e quem recebe elétrons?

Dica prática:

Utilize a Tabela Periódica como ferramenta:

  • Família 1A → 1 elétron → doa → forma cátion +1.
  • Família 2A → 2 elétrons → forma cátion +2.
  • Família 3A → 3 elétrons → forma cátion +3.
  • Família 5A → precisa de 3 → forma ânion −3.
  • Família 6A → precisa de 2 → forma ânion −2.
  • Família 7A → precisa de 1 → forma ânion −1.

Atenção:

  • Elementos da família 4A geralmente não participam de ligações iônicas, pois tendem a compartilhar elétrons, formando ligações covalentes.
  • Nem todo metal forma ligação iônica em todas as situações — o contexto importa!

Como se preparar para a prova?

Para não errar nas atividades ou avaliações, siga estas dicas:

  1. Pratique a distribuição eletrônica utilizando a Regra de Linus Pauling.
  2. Monte as fórmulas iônicas corretamente, equilibrando os íons.
  3. Treine o uso das estruturas de Lewis, pois elas facilitam a visualização da transferência de elétrons.
  4. Revise o conceito de cátion e ânion, já que ele é base para grande parte da Química Inorgânica.

Conclusão

Em resumo, as ligações iônicas são responsáveis pela formação de diversos compostos presentes no nosso cotidiano — como o sal de cozinha, medicamentos, minerais e muito mais. Elas ocorrem quando há transferência de elétrons entre átomos, gerando íons que se atraem por forças eletrostáticas.

Compreender como essas ligações funcionam é essencial para evoluir no estudo da Química. Portanto, estude com atenção, pratique bastante e, sempre que possível, visualize os átomos “interagindo”. Isso tornará o aprendizado muito mais leve e eficiente.


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