Passo a Passo para Escrever uma Boa Redação em Concursos

Julia Konofal
Julia Konofal
4 minutos de leitura

A redação discursiva é uma das etapas mais temidas pelos candidatos de concursos públicos. Afinal, além de exigir conhecimento técnico, ela também cobra habilidades de argumentação, clareza textual e domínio da norma culta. No entanto, com estratégias bem definidas e prática constante, é totalmente possível transformar esse desafio em uma grande oportunidade de pontuação.

Neste artigo, vamos explorar passo a passo como fazer uma boa redação discursiva, desde o entendimento da proposta até a finalização do texto, com dicas práticas que vão ajudar você a se destacar frente à concorrência.

Entenda o que é a redação discursiva

Antes de tudo, é essencial compreender a proposta desse tipo de redação. Diferente da redação dissertativa do ENEM, por exemplo, a discursiva em concursos públicos geralmente possui uma abordagem mais técnica e objetiva. Em muitos casos, ela exige que o candidato resolva um problema prático com base na legislação, em conceitos teóricos ou em situações do cotidiano da administração pública.

Além disso, vale destacar que cada banca tem um estilo próprio. Por isso, entender as exigências da organizadora do concurso é um passo indispensável. A depender da banca, a redação pode ter peso significativo na nota final — podendo inclusive eliminar candidatos que não alcançam a nota mínima.

Leia atentamente o enunciado

Por mais óbvio que pareça, muitos candidatos pecam justamente por não ler com atenção o que está sendo pedido. Frequentemente, o comando da questão traz exigências específicas, como:

  • Responder a partir de um caso concreto;
  • Fundamentar com base em uma lei ou princípio;
  • Dissertar sobre determinado conceito ou tema da atualidade.

Portanto, jamais comece a escrever antes de entender completamente o que a proposta exige. Uma leitura superficial pode levar à fuga do tema ou à produção de um texto incompleto.

Estruture seu texto com lógica

Ainda que não exista um modelo único para redações discursivas, a estrutura clássica de introdução, desenvolvimento e conclusão continua sendo extremamente eficaz. A boa organização das ideias permite que o avaliador compreenda facilmente seus argumentos e perceba a coerência do seu raciocínio.

Introdução

A introdução deve apresentar o tema e indicar brevemente o caminho que será percorrido no texto. É importante ser direto, evitando rodeios ou frases genéricas.

Desenvolvimento

Aqui, você deve explorar seus argumentos de forma clara, lógica e progressiva. Use parágrafos bem delimitados, com transições suaves entre uma ideia e outra. Sempre que possível, exemplifique com casos práticos ou referências legislativas, quando o tema exigir.

Conclusão

Na conclusão, retome os principais pontos abordados e apresente uma síntese coerente da sua argumentação. Evite introduzir novas informações nesse momento.

Use a norma culta da língua

Embora não seja necessário escrever de forma rebuscada, é fundamental respeitar a norma culta. Isso significa evitar gírias, expressões coloquiais e erros gramaticais. Uma escrita simples, mas correta, costuma ser melhor avaliada do que um texto com tentativas de sofisticação que acabam prejudicando a clareza.

Além disso, revise sempre a pontuação. Muitos candidatos perdem pontos por erros básicos de vírgula, uso indevido de crase ou concordância verbal e nominal.

Argumente com consistência

A clareza das ideias é importante, mas não basta. Você também precisa demonstrar domínio sobre o conteúdo abordado. Uma das melhores formas de fazer isso é argumentar com base em fundamentos sólidos, como:

  • Dispositivos legais;
  • Doutrinas consagradas;
  • Jurisprudência consolidada;
  • Exemplos práticos bem contextualizados.

Evite frases vagas ou genéricas como “o direito deve ser respeitado” ou “a ética é importante para todos”. Sempre que possível, justifique suas afirmações com base em conteúdos concretos.

Cuidado com o excesso de opinião

Apesar de muitos temas permitirem certo grau de subjetividade, a redação discursiva de concursos públicos exige, em sua maioria, fundamentação técnica. Assim, tome cuidado com opiniões pessoais sem embasamento. O ideal é alinhar seus argumentos a marcos normativos e conceituais, demonstrando que você domina não apenas a escrita, mas também o conteúdo cobrado.

Treine com temas anteriores

Uma das melhores formas de se preparar é praticar com temas que já foram cobrados em concursos anteriores da banca organizadora. Isso ajuda a entender o tipo de abordagem esperada, o nível de profundidade exigido e o estilo de correção mais comum.

Além disso, ao treinar, simule as condições reais de prova: tempo limitado, espaço restrito e escrita à mão, se for o caso. Dessa forma, você se familiariza com as exigências do dia da prova e reduz a ansiedade.

Aprenda com correções

Sempre que possível, peça para alguém corrigir seus textos. Pode ser um professor, um colega de estudos ou até mesmo um curso preparatório especializado. A correção externa permite que você enxergue falhas que não perceberia sozinho — como problemas de coesão, argumentos frágeis ou erros gramaticais recorrentes.

Também é possível utilizar correções comentadas de redações divulgadas por bancas em concursos anteriores. Elas revelam os critérios de avaliação e ajudam a entender o que diferencia uma redação mediana de uma excelente.

Gerencie bem o tempo na prova

É comum que a redação discursiva seja aplicada junto com outras provas objetivas. Por isso, saber gerenciar o tempo é essencial. Evite deixar a redação para os últimos minutos. Planeje seu tempo de forma a garantir:

  • A leitura cuidadosa do tema;
  • A elaboração de um rascunho;
  • A revisão atenta do texto final.

Reservar ao menos 30 minutos para a redação pode fazer toda a diferença entre uma nota mediana e uma excelente.

Use conectivos para garantir fluidez

Um dos critérios mais valorizados nas correções é a coesão textual, ou seja, a forma como as ideias se encadeiam. Para isso, o uso de palavras de transição é indispensável. Veja alguns exemplos úteis:

  • Adição: além disso, também, ainda, bem como;
  • Conclusão: portanto, logo, em síntese, por conseguinte;
  • Contraste: no entanto, apesar disso, contudo, todavia;
  • Causa e consequência: porque, por isso, em razão de, devido a;
  • Exemplificação: por exemplo, como se vê, isto é.

O uso adequado dessas expressões torna o texto mais claro, fluido e agradável de ler — e demonstra domínio da escrita.

Conclusão

Fazer uma boa redação discursiva em concursos não depende apenas de saber escrever bem. É preciso também interpretar corretamente a proposta, organizar as ideias de forma lógica, argumentar com base técnica e demonstrar domínio do conteúdo. Com prática, atenção aos detalhes e foco na estrutura do texto, é totalmente possível transformar essa etapa em um diferencial competitivo.

Portanto, comece hoje mesmo a colocar essas dicas em prática. Treine, revise, simule. E lembre-se: cada texto escrito é um passo a mais em direção à sua aprovação.


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