Você sabe o que é aposto e vocativo e quais são as suas diferenças?
Na língua portuguesa, aposto e vocativo são termos de uma oração. Porém, ambos têm uma diferença significativa. Aposto é uma expressão, uma palavra que possui algum tipo de relação com o substantivo ou o pronome. Já o vocativo é considerado um termo independente.
Apesar de parecer um assunto muito simples, essas duas classes de palavras confundem-se constantemente, pois ambas são utilizadas para detalhar uma informação, ou ainda, se referir a algo ou alguém.
Saiba que este é um tema recorrente do Enem, vestibulares e, na maioria das vezes, pega alguns candidatos desprevenidos.
Mesmo com estruturas e usos diferentes, a presença da vírgula pode confundir você ao analisar uma questão sobre este assunto.
E, para que você não cometa mais esse erro, vamos relembrar neste artigo algumas noções básicas de aposto e vocativo e esclarecer de uma vez por todas as dúvidas para a hora da prova.
O que é aposto?
Garanto que quando você viu a palavra Aposto, logo pensou que ela tem relação com o verbo apostar, não é mesmo? Mas aqui, o aposto pertence aos termos acessórios da oração. Ou seja, é uma palavra, um termo que complementa o sentido da oração.
Olhe a frase: O arroz, aquele que sempre compro, está muito caro. A informação que está entre vírgulas é o aposto, é um complemento apenas, uma informação adicional.
Os termos acessórios são aqueles que, se retirados da frase, não causam prejuízo ao entendimento.
Diferentemente dos termos essenciais da oração que incluem sujeito e predicado. Obviamente, essenciais para a compreensão da mensagem.
São termos acessórios o adjunto adnominal, o adjunto adverbial e o aposto.
O aposto junta-se ao substantivo ou a um pronome e pode estar na frase com a função de explicar algo, enumerar, resumir e especificar, ou seja, deixar a informação mais clara.
Ele pode ser usado em uma frase para acrescentar uma informação, geralmente entre vírgulas.
Veja este exemplo:
A Segunda Guerra Mundial, conflito militar entre 1939 a 1945, envolveu as maiores potências da época.
Note que a parte entre vírgulas explica e dá uma característica para a Segunda Guerra Mundial.
Caso não quiséssemos acrescentar esta informação, não haveria problema no entendimento do todo.
Neste exemplo, o aposto exerce a função explicativa.
Função especificativa do aposto
Como o nome já diz, o aposto especifica algum termo da oração.
A cidade de Londres tem alto índice de poluição.
As palavras cidade e Londres são equivalentes em significado, então, o trecho grifado – de Londres – está especificando o substantivo cidade.
Portanto, o aposto especificou uma informação.
Se usássemos Londres tem alto índice de poluição haveria sentido.
Ou A cidade tem alto índice de poluição também faria sentido, caso Londres já tivesse sido mencionada anteriormente.
Função enumerativa do aposto
Na frase, gosto de todas as massas italianas: lasanha, fettuccine, talharim, etc., a parte após os dois pontos apenas enumera os tipos de massas italianas. Não apresenta informação nova.
Função de resumo do aposto
No exemplo abaixo, a parte sublinhada resume o que já foi mencionado.
Respeito, paciência e equilíbrio, tudo isso faz parte do convívio familiar.
Novamente, se retirarmos o aposto – tudo isso – não há problema com o entendimento da oração.
Veja uma questão já cobrada em vestibular de Medicina sobre uso do aposto:
O que é vocativo?
O vocativo não faz parte do sujeito e nem do predicado. É um termo isolado da oração e aparece entre vírgulas.
É usado para chamar a atenção do interlocutor. Vemos muito isso na literatura em razão dos diálogos entre os personagens e do narrador com o leitor.
Porém preste atenção, nem sempre o vocativo está no início da frase e nem sempre o vocativo é apenas um nome.
Pode ser um substantivo, pronome ou expressão substantiva.
Vamos ver alguns exemplos:
Dra. Joana, ligaram para você ontem.
Meus queridos amigos, obrigado pela visita.
Quando você começou isto, João?
Calma, minha filha, não precisa correr.
Note que os termos grifados, os vocativos, apenas chamam a atenção do interlocutor e não interferem na oração.
Identificar o vocativo na oração não é nada complicado. Porém, não caia nessa de achar que o vocativo é o sujeito da oração. Muita atenção ao analisar uma questão.
Olhe este exemplo novamente para entender melhor:
Dra. Joana, ligaram para você ontem.
O verbo é ligar, certo? Agora te pergunto, quem ligou?
Não foi a Dra. Joana.
O sujeito desta oração, ou seja, quem exerce a ação de ligar, é indeterminado.
A Dra. Joana é o vocativo e o sujeito é indeterminado.
Vamos observar uma questão para memorizar este conteúdo:
E aí, conseguiu compreender a diferença?Tudo entendido até aqui?
Só para reforçar então: NÃO confunda vocativo com aposto.
*Dica: analise com cuidado a questão e pense na função que o aposto ou o vocativo estão exercendo na frase. Assim, não terá erro.
Caso ainda tenha restado alguma dúvida, que tal alguns exercícios para praticar?
Veja a seguir questões de vestibulares retiradas do site QConcursos, uma excelente opção para praticar:
- (UNICENTRO – 2015 – VESTIBULAR DE 2016 – Português)
[…]
Em relação aos aspectos gramaticais da norma padrão da língua portuguesa, considere as afirmativas a seguir:
I. Em “Por falta d’água perdi meu gado”, há um sujeito elíptico. II. Em “Então eu disse adeus Rosinha / Guarda contigo meu coração”, há uma inadequação de pessoa do verbo guardar. III. Em “Espero a chuva cair de novo / Pra mim voltar pro meu sertão”, o pronome oblíquo foi usado corretamente. IV. Em “Que eu voltarei, viu / Meu coração”, há um vocativo.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
- (MULTIVIX – 2019 – Vestibular – Primeiro Semestre)
Na introdução às ‘Aventuras de Alice no país das maravilhas’, em versão traduzida por Sebastião Uchoa Leite, Lewis Carroll escreve um poema, que finaliza da seguinte forma:
Alice! Recebe essa estória
E com mãos gentis deposita
Lá longe, onde os sonhos da infância
Se confundem com lembranças idas,
Tal guirlanda de flores murchas
Em distante terra colhidas.
CARROLL, Lewis. As aventuras de Alice no país das maravilhas. São Paulo: Editora 34, 2016.
Em relação a essa última estrofe, assinale a alternativa incorreta:
a) a estrofe mostra o eu lírico endereçando uma estória a Alice, personagem que irá vivê-la dali para frente, logo que recebê-la das mãos do seu próprio criador.
b) o uso do pronome “se” no início do verso 4 é permitido por se tratar de um texto literário, de criação livre.
c) a expressão “lá longe” mostra que a personagem da estória terá de sair de sua terra natal para conhecer geograficamente o mundo de terras distantes.
d) o vocativo acompanhado de exclamação no primeiro verso revela que a mensagem é endereçada a uma pessoa cuja identificação realizada pelo leitor aproxima-o da personagem.
e) o uso do demonstrativo “essa”, no primeiro verso, mostra que emissor e interlocutor não estão frente a frente um do outro.
- (CCV-UFC – 2013 – Casas de Cultura Estrangeira – Segundo Semestre) Assinale a alternativa cujo termo destacado é um vocativo.
a) Aquela carta fez tudo parar.
b) Pancadas interromperam a rotina.
c) A mulher fecha a porta e caminha.
d) Ignaro cronista, saúdo-o com simpatia.
e) Conclusão: eles usaram linguagem exata.
- (CCV-UFC – 2011 – UFC – Casas de Cultura Estrangeira – Segundo Semestre) Na frase: A literatura tem lá seus personagens símbolos a esse respeito: o Fausto e o Dorian Gray, as palavras sublinhadas são sintaticamente:
a) aposto.
b) objeto direto.
c) objeto indireto.
d) adjunto adverbial.
e) adjunto adnominal.
*Gabarito: 1) b; 2) c; 3) d; 4) a.
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