Estequiometria: o que é e como calcular com facilidade

Julia Konofal
Julia Konofal
4 minutos de leitura

A palavra estequiometria pode assustar à primeira vista. No entanto, na prática, ela representa um dos conceitos mais úteis e aplicáveis da Química. Afinal, é por meio dela que conseguimos prever e calcular a quantidade de substâncias que participam ou se formam em uma reação química.

Neste artigo, vamos explorar com profundidade — e de forma acessível — os principais conceitos da estequiometria, como massa atômica, massa molecular, fórmula mínima, porcentagem em massa, entre outros. Portanto, se você está estudando para o ENEM e vestibulares, este conteúdo será um verdadeiro aliado.

O que é estequiometria?

A estequiometria é a parte da Química que estuda as relações de quantidade entre reagentes e produtos de uma reação. Com base nesse conceito, podemos responder perguntas como:

  • Quantos gramas de gás carbônico são produzidos na queima de 50 g de metano?
  • Qual o volume de gás oxigênio necessário para queimar completamente certa massa de etanol?
  • Qual a proporção correta de reagentes para evitar desperdícios em uma reação industrial?

Essas questões são resolvidas com base em proporções fixas entre as substâncias envolvidas, que podem ser expressas em massa, mol, volume (no caso dos gases) ou até mesmo em número de partículas (átomos ou moléculas).

A base de tudo: massa atômica

Antes de mais nada, é essencial compreender o conceito de massa atômica, que representa a massa de um átomo, expressa em uma unidade chamada unidade de massa atômica (U ou u). Essa unidade foi definida com base no carbono-12, que tem massa exata de 12 U.

Assim, por exemplo:

  • Hidrogênio (H) → massa ≈ 1 U
  • Oxigênio (O) → massa ≈ 16 U
  • Sódio (Na) → massa ≈ 23 U

Entretanto, é importante destacar: 1 U não equivale a 1 grama. Na verdade, 1 U corresponde a cerca de 1,66 × 10⁻²⁴ gramas, ou seja, é uma unidade útil apenas para partículas extremamente pequenas, como átomos.

Por que as massas atômicas não são inteiras?

Ao observar a tabela periódica, você provavelmente notará que a maioria das massas atômicas não são números inteiros. Isso acontece porque os elementos existem na natureza sob forma de isótopos, que são versões do mesmo átomo com diferentes quantidades de nêutrons.

Dessa forma, a massa atômica que utilizamos nos cálculos corresponde a uma média ponderada das massas desses isótopos, levando em consideração a abundância de cada um.

Exemplo: Cloro

  • Cloro-35 → 75% de abundância
  • Cloro-37 → 25% de abundância

Cálculo:
(75 × 35 + 25 × 37) ÷ 100 = 35,5 U
Por esse motivo, a massa atômica do cloro é aproximadamente 35,5 U.

Massa molecular e massa molar

Em seguida, ao lidarmos com moléculas, somamos as massas atômicas dos elementos que a compõem. O resultado é chamado de massa molecular (em U). Quando queremos trabalhar com gramas, utilizamos a massa molar, que representa o valor da massa molecular expresso em gramas por mol (g/mol).

Exemplos:

  • Água (H₂O):
    H = 1 U × 2, O = 16 U → 2 + 16 = 18 U
    Massa molar = 18 g/mol
  • Gás carbônico (CO₂):
    C = 12 U, O = 16 U × 2 → 12 + 32 = 44 U
    Massa molar = 44 g/mol

Entendendo o conceito de mol

Outro conceito fundamental é o de mol, que representa uma quantidade muito grande de partículas:
1 mol = 6,02 × 10²³ partículas (átomos, moléculas, íons, etc.)

Esse número gigantesco — conhecido como número de Avogadro — permite converter entre massa e quantidade de partículas, o que facilita bastante os cálculos químicos.

Por exemplo:

  • Se 1 mol de H₂O tem massa de 18 g, então:
    • 36 g de H₂O = 2 mols
    • 9 g de H₂O = 0,5 mol

Fórmulas química: molecular, empírica e percentual

Além disso, a estequiometria envolve também o conhecimento de diferentes tipos de fórmulas químicas, cada uma com sua função específica:

  • Fórmula molecular: mostra o número real de átomos de cada elemento (ex: C₆H₁₂O₆)
  • Fórmula empírica (ou mínima): mostra a menor proporção entre os átomos (ex: CH₂O)
  • Fórmula percentual: expressa a porcentagem em massa de cada elemento presente na molécula

Exemplo: Glicose (C₆H₁₂O₆)

Cálculo da massa total:

  • C: 6 × 12 = 72
  • H: 12 × 1 = 12
  • O: 6 × 16 = 96
  • Total: 72 + 12 + 96 = 180 g/mol

Porcentagem:

  • % de C = (72 ÷ 180) × 100 = 40%
  • % de H = (12 ÷ 180) × 100 = 6,67%
  • % de O = (96 ÷ 180) × 100 = 53,33%

Aplicando na prática: um exemplo de reação

Agora que já vimos os conceitos essenciais, vamos aplicar tudo isso em um exemplo prático:

Reação:
2 H₂ + O₂ → 2 H₂O

Se temos 4 mols de H₂, quantos mols de H₂O serão formados?

Solução:
A proporção da reação é de 2:2 entre H₂ e H₂O.
Portanto, 4 mols de H₂ formarão 4 mols de H₂O.

Se quisermos saber a massa de água formada, basta multiplicar:

  • 1 mol de H₂O = 18 g
  • 4 mols de H₂O = 4 × 18 = 72 g

Conclusão

Em resumo, a estequiometria é uma das ferramentas mais importantes da Química. Por meio dela, conseguimos prever quanto de produto será formado, qual a quantidade de reagente necessária, além de interpretar dados experimentais com maior precisão.

Para isso, é fundamental compreender os conceitos de massa atômica, mol, fórmula molecular e proporções em reações químicas. Esses conhecimentos não apenas facilitam os cálculos, como também promovem uma visão mais clara e lógica da Química.

Portanto, se você está começando agora, não desanime caso o conteúdo pareça complexo. À medida que você estuda, revisa os conceitos e resolve exercícios, tudo começa a fazer sentido. A prática transforma a teoria em algo natural.


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