O que são Forças Intermoleculares

Julia Konofal
Julia Konofal
4 minutos de leitura

As forças intermoleculares são interações que ocorrem entre moléculas, sendo responsáveis por mantê-las próximas umas das outras. Embora muitas vezes passem despercebidas, elas têm um papel crucial na explicação dos estados físicos da matéria — sólido, líquido e gasoso — e influenciam propriedades como ponto de fusão, ponto de ebulição, solubilidade e até a volatilidade de uma substância.

Neste artigo, vamos explorar esse tema de forma clara e acessível, ideal para quem está começando os estudos em Química. Além disso, você verá como identificar a polaridade das moléculas, compreender os tipos de forças intermoleculares e entender como esses conceitos se relacionam com fenômenos observados no dia a dia.

A importância das forças intermoleculares

Desde a primeira aula sobre estados físicos da matéria, aprendemos que as moléculas se comportam de maneiras diferentes dependendo do estado:

  • No estado sólido, as moléculas estão muito próximas, vibrando em posições fixas.
  • No estado líquido, elas se movem levemente umas sobre as outras.
  • No estado gasoso, elas se movimentam livremente com alta energia cinética.

Mas, afinal, o que mantém essas moléculas mais ou menos unidas? A resposta está nas forças intermoleculares. De modo geral, quanto mais fortes essas forças, mais difícil será separar as moléculas — o que explica por que uma substância pode ser sólida ou líquida à temperatura ambiente.

Massa molecular e estado físico

Uma boa forma de observar as forças intermoleculares é comparando substâncias com massas moleculares diferentes. Um exemplo citado em aula é a família 7A da Tabela Periódica, que inclui o cloro (Cl₂), o bromo (Br₂) e o iodo (I₂):

  • Cl₂ (massa molecular ≈ 71): gás à temperatura ambiente.
  • Br₂ (massa molecular ≈ 160): líquido à temperatura ambiente.
  • I₂ (massa molecular ≈ 254): sólido à temperatura ambiente.

Assim, podemos perceber que, em geral, quanto maior a massa molecular, maior tende a ser a força intermolecular, fazendo com que a substância esteja em estado mais condensado. No entanto, essa não é uma regra absoluta, como mostra o exemplo da água (H₂O), cuja massa molecular é baixa, mas tem ponto de ebulição de 100 °C, bem mais alto que compostos similares.

Portanto, há outros fatores além da massa molecular que influenciam a intensidade das forças entre moléculas. Para compreender melhor, é preciso entender o conceito de polaridade.

Polaridade das moléculas

Para entender as forças intermoleculares com mais profundidade, precisamos falar de polaridade. A polaridade de uma molécula depende de dois fatores principais:

  1. Polaridade das ligações: determinada pela diferença de eletronegatividade entre os átomos ligados. Um átomo mais eletronegativo atrai mais os elétrons, gerando um polo negativo e um polo positivo.
  2. Geometria da molécula: mesmo que existam ligações polares, se a molécula for simétrica, os vetores dessas polaridades podem se anular, tornando a molécula apolar.

Veja alguns exemplos para ilustrar melhor:

  • CO₂: possui ligações polares, mas sua forma linear torna a molécula apolar.
  • H₂O: tem forma angular, com dois pares de elétrons livres no oxigênio. Isso faz com que a molécula tenha um lado mais negativo e outro mais positivo — ela é polar.
  • NH₃: com geometria piramidal, também é polar.
  • CCl₄: embora tenha ligações polares, sua simetria tetraédrica faz dela uma molécula apolar.

Dessa forma, saber distinguir moléculas polares de apolares é fundamental para entender quais tipos de forças intermoleculares elas podem formar.

Tipos de forças intermoleculares

Agora que você já entende a polaridade, vamos aos quatro principais tipos de forças intermoleculares:

1. Dipolo-dipolo

Esse tipo de interação ocorre entre moléculas polares. Como elas têm um polo positivo e outro negativo, há atração entre o lado positivo de uma molécula e o lado negativo de outra. É uma força relativamente forte e está presente, por exemplo, no HCl.

2. Dipolo induzido (ou forças de London)

Também chamadas de forças de dispersão, ocorrem entre moléculas apolares, ou mesmo entre moléculas polares em certas condições. Um dipolo temporário em uma molécula pode induzir um dipolo em outra, criando uma atração momentânea. De modo geral, quanto maior a massa molecular, mais fortes essas forças — por isso o iodo (I₂) é sólido: suas forças de London são mais intensas.

3. Ligação de hidrogênio

Trata-se de um tipo especial de dipolo-dipolo, muito mais forte, e ocorre quando o hidrogênio está ligado a F, O ou N (flúor, oxigênio ou nitrogênio). A água é o exemplo clássico: as ligações de hidrogênio entre moléculas de H₂O são responsáveis por seu alto ponto de ebulição, coesão e outras propriedades únicas.

4. Ligação metálica

Embora não seja uma força intermolecular no sentido tradicional (entre moléculas), ela é citada por envolver a interação entre unidades estruturais. Ocorre em metais, com um “mar de elétrons” compartilhado entre átomos, permitindo maleabilidade e condução elétrica.

Dica: como memorizar os tipos de forças

Um jeito prático de lembrar é com a seguinte lógica:

  • Se a molécula é polar, pode formar dipolo-dipolo ou ligação de hidrogênio (se tiver H ligado a F, O ou N).
  • Se a molécula é apolar, forma dipolo induzido.
  • Se for um metal puro, a interação é ligação metálica.

Além disso, é possível associar isso aos estados físicos:

  • Moléculas apolares pequenas tendem a ser gases (ex: Cl₂).
  • Moléculas polares com dipolo-dipolo tendem a ser líquidos (ex: HCl).
  • Moléculas com ligação de hidrogênio têm ponto de ebulição mais alto (ex: água).
  • Moléculas apolares grandes podem ser sólidas (ex: I₂).

Portanto, ao identificar a polaridade e considerar a massa molecular, é possível prever o estado físico da substância com mais precisão.

Conclusão

Em resumo, as forças intermoleculares são fundamentais para entender o comportamento das substâncias que nos cercam. Desde a água que bebemos até os gases que respiramos, tudo depende do tipo e da intensidade dessas forças invisíveis, mas poderosas.

Ao aprender a diferenciar os tipos de forças — como dipolo-dipolo, dipolo induzido e ligação de hidrogênio — e compreender o papel da polaridade e da massa molecular, o estudante ganha ferramentas essenciais para interpretar fenômenos físicos e químicos com muito mais clareza.

Para quem está começando, dominar esse conteúdo é um passo importante rumo à compreensão da química como um todo. Portanto, continue praticando, revisando os conceitos e fazendo associações com exemplos do cotidiano — essa é a chave para consolidar o aprendizado.


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